A Nothing recentemente fez o anúncio oficial do seu primeiro smartphone, o Nothing Phone 1. E com ele, tem causado muito alvoroço. Não por causa de algum hardware superpotente, ou de um sistema operacional ultramoderno. Mas pelo seu design cativante e inovador.
E em uma recente entrevista com um jornalista da Engadget, Carl Pei revelou o que ele acha do estado atual da indústria de smartphones. Além de explicar qual é a estratégia que a Nothing está adotando para tentar se consolidar no mercado.
Declarações sobre a indústria
Carl Pei acha que há algo de errado com a indústria de smartphones atualmente. Não que os dispositivos contemporâneos sejam ruins. A propósito, de um modo geral, eles são muito mais avançados e tecnológicos do que há 10 anos.
Porém, assim como um grande número de entusiastas, Pei vem sentindo que os celulares não são mais tão empolgantes quanto costumavam ser. Quando o primeiro iPhone foi lançado, parecia uma grande descoberta.
Pei disse que era um hábito ficar acordado até a madrugada para assistir a todos os lançamentos da Apple. Mas, recentemente, toda essa sua animação se foi. E não só a dele. Carl Pei disse que, quando conversa com outros consumidores, eles também se sentem indiferentes.
Para Pei, o maior problema é a estagnação. O mercado é, em essência, dominado por um pequeno punhado de grandes empresas. Como Apple, Samsung e Google. Que operam de maneira sistemática. Baseando-se em pesquisas de dados.
Eles pesquisam, comparam-se a seus competidores e analisam o mercado. Entretanto, todas usam os mesmos dados e métodos de análise. Isso leva a resultados parecidos, o que, por sua vez, leva a soluções muito parecidas.
Assim, os consumidores são alimentados com um constante “mais do mesmo”. Mesmo que a tecnologia seja diferente, tudo tem um aspecto muito padronizado e sem inspiração.
Como Carl Pei quer trazer de volta a originalidade
É aí que entra Carl Pei e seus planos para trazer de volta a criatividade e a inovação com o Nothing Phone 1. Ao invés de tentar reinventar o smartphone, Pei quer trazer mais originalidade ao design de tecnologias móveis.
Essa mentalidade é justamente o que resultou no design único do primeiro smartphone da companhia. Carl Pei e sua equipe o descrevem como “quando a tecnologia crua encontra o calor humano”. Uma abordagem industrial moderna dos dispositivos transparentes de 20 anos atrás.
Assim, inclinando-se um pouco para a nostalgia dos usuários. Canalizando o sentimento de uma época em que as pessoas se sentiam mais empolgadas em relação à tecnologia. Esse desejo de tornar a tecnologia divertida é o que guiou a Nothing no seu processo de design.
Tanto é que, se prestarmos atenção, veremos que o desenho do dissipador inferior do Nothing Phone 1 lembra um elefantinho. E o indicador vermelho na traseira indica quando um vídeo está sendo gravado. Tudo isso dá um toque de personalidade ao smartphone.
Beleza e funcionalidade
Contudo, embora Carl Pei queira deixar os eletrônicos emocionantes de novo, a Nothing não descarta o preceito de que eles ainda precisam ser funcionais. O melhor exemplo disso é a interface de glifos do Phone 1.
Que usa 900 LEDs dispostos na parte traseira do dispositivo para criar um sistema de notificação sofisticado, diferente de tudo que existe no mercado hoje. E que permite que os proprietários atribuam combinações únicas de luzes e sons a diferentes contatos.
Assim, as pessoas podem ver quem está ligando ou enviando mensagens de texto sem ter de olhar para a tela. Os toques do Phone 1 também evocam sintetizadores analógicos, combinados com o ruído de um modem dial-up. Sendo novo e retrô ao mesmo tempo.
Além disso, as luzes acendem quando o telefone está carregando. Enquanto a pequena faixa de LEDs ao lado da porta de carregamento mostra quanta carga o telefone ainda tem disponível.
Desafios para entrar no mercado
Mas ter grandes ideias sobre o design de um telefone e torná-la realidade são coisas muito diferentes. Fazer telefones é difícil, e tentar entrar no mercado como uma startup é quase impossível. Olhando para a indústria hoje, a única empresa que avançou foi a OnePlus.
Cofundada por Pei, por falar nisso. E que recebeu apoio significativo como parte do guarda-chuva de tecnologia da BBK Electronics. O lixo de startups de smartphones fracassadas está repleto de empresas ambiciosas.
Enquanto isso, empresas bem estabelecidas como a Motorola evitam se arriscar. Recorrendo a infinitas “atualizações” dos modelos da linha Moto G. “A razão pela qual esta indústria é muito difícil é porque requer capacidade de ponta a ponta”, disse Pei.
“Se você vai criar uma empresa de smartphones, cada equipe precisa ser pelo menos 7/10. E algumas delas precisam ser ainda melhores para que seu produto se destaque de alguma forma”.
“Sua equipe da cadeia de suprimentos precisa ser ótima. Sua engenharia mecânica, seu software, seu design industrial, suas vendas, seu marketing, seu suporte ao cliente”, complementou ele.
Carl Pei comenta sobre tática da Nothing
Pei também comentou sobre a estratégia da empresa para se solidificar no mercado. Basicamente, eles tentam dominar a expectativa do usuário. Criando o máximo de interesse para o lançamento de um produto.
Se a expectativa for atendida, as coisas vão bem. Mas o desafio nisso é fazer o produto sair do plano do marketing para a realidade. Pei diz, no entanto, que neste caminho, pelo menos tem a chance de tentar entregar um ótimo produto.
A segunda opção é ser uma empresa pequena sem orçamento de publicidade. Cujos produtos são ignorados pela falta de visibilidade do público. Independentemente da qualidade deles. Sem ter a chance de se provar e entrar no páreo. Isso não é desejável.
Todavia, em vez de dar um grande salto, Pei está procurando expandir gradualmente os negócios e o ecossistema da Nothing. Começando com seus primeiros fones de ouvido. E em breve, seu primeiro telefone.
Enquanto o sucesso do Nothing Phone 1 ainda está por ser determinado, no entanto, é seguro afirmar uma coisa. A empresa já está causando uma grande agitação no mercado com ele. Pei espera com isso, inspirar dispositivos mais criativos e grandes empresas a se arriscarem mais.
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