Muitas pessoas desconhecem isso, mas a história do desenvolvimento da internet também pode ser dividida em gerações. Já passamos pela geração Web 1.0, nos encontramos na Web 2.0 e, futuramente, entraremos na Web 3.0. Mas o que é Web 3.0? E como isso vai nos afetar?
O que é Web 3.0?
O conceito de Web 3.0 em si ainda está em desenvolvimento. Mas se trata de uma ideia base para como a próxima geração da internet será. Por exemplo, a Web 1.0 dependia de páginas web tradicionais, cheias de conteúdo produzido por entidades comerciais.
Já a Web 2.0 é caracterizada pela introdução e popularização das mídias sociais. Que deram às pessoas comuns maior capacidade de produzir e lucrar com seu conteúdo próprio. Entretanto, ainda necessitando de grandes empresas (como o Facebook) atuando como intermediários.
É aí que entra a Web 3.0. A proposta dessa nova geração das redes é de eliminar o “indivíduo do meio”, descentralizando a internet por completo. Assim como as criptomoedas estão tentando retirar grandes instituições e governos do controle mundial de finanças.
Nesse âmbito, a Web 3.0 seria majoritariamente baseada em torno da tecnologia de blockchain. Que seria usada para criar tokens individualizados para cada ativo, usuário e item rastreável em toda a sua extensão. Fornecendo uma maneira independente de gerenciar dados.
Quais os potenciais benefícios da Web 3.0?
Bem, o principal benefício desse conceito é de que o controle dos dados de um usuário estaria nas mãos dele. Pense em todos aqueles anúncios personalizados que parecem especialmente direcionados a você. Isso nos faz pensar o quanto as empresas online nos monitoram.
Nós estamos completamente à mercê de grandes empresas, como Facebook e Google, por exemplo. Que catalogam e exploram nossos dados em benefício próprio. Por isso, a promessa da Web 3.0 é de colocar o controle da sua vida digital ao seu alcance.
Ao contrário da web de hoje, esses dados seriam controlados por todos e estariam disponíveis a todos. Tudo isso enquanto mantém a privacidade de cada usuário. Ou seja, outras pessoas poderiam verificar a autenticidade dos seus dados sem acessá-los sem permissão.
Porém, essa é a versão idealizada da Web 3.0. A maioria das pessoas sabe que, normalmente, existe um vão entre o ideal e a realidade. As redes sociais, por exemplo, prometiam conectar e unir as pessoas. Entretanto, elas trouxeram novas formas de discriminação e exclusão.
E quais os riscos da Web 3.0?
Assim, devemos falar também dos riscos envolvendo a ideia de Web 3.0. Pois estamos falando de redesenhar completamente a estrutura da internet. Que é uma proposta muito complexa. Os riscos poderiam muito bem ir além da nossa compreensão imediata.
Um desses riscos é a falta de regulamentação. Muitos acreditam que essa individualização poderia dar origem a uma variedade totalmente nova de cibercrimes. Devido à natureza absolutamente anônima da infraestrutura subjacente da Web 3.0.
Criptomoedas, a título de exemplo, já foram usadas para apoiar atividades criminosas. Pois elas não são controladas por nenhum banco ou governo. Isso significa que cibercriminosos poderiam permanecer invisíveis e irrastreáveis para autoridades legais.
Outro ponto é o impacto ambiental. Pode até não ser muito óbvio, mas tecnologia usada como base para a Web 3.0 tem potencial para causar um desastre ecológico. Isso porque operações descentralizadas como essas exigem bancos de processamento. Que gastam muita energia.
Países com a Suécia já estão em busca de tornar tais atividades ilegais. Pois elas drenam grande parte da grade de energia do país. Outro fator é a segurança. Embora o sistema de tokens seja geralmente seguro, basta um usuário cair num golpe online que seus dados estarão em risco.
E, por fim, temos a estagnação. Quando algo é verdadeiramente descentralizado, torna-se difícil de atualizar. Ficando estagnado no tempo. O que é obviamente um problema falando de tecnologia. Pois quem não acompanha as mudanças, eventualmente fica para trás.
Controvérsias
Além do impacto ambiental e das outras questões supracitadas, há também um grupo de pessoas com uma visão singular da Web 3.0. De que ela seria nada mais do que a internet passando das mãos de um monopólio para outro.
O discurso de Jack Dorsey no Twitter, até agora, é o exemplo mais conhecido disso. Na plataforma, Dorsey afirmou que a Web 3.0 é nada mais do que um meio de capitalistas de alto risco de substituírem empresas como a Google como soberanos da internet.
Essa postura pode ser resumida na seguinte postagem dele, de dezembro de 2021: “Você não possui a web3. […] Em última análise [a Web3.0] é uma entidade centralizada com um nome diferente”.
Quais as chances desse conceito se concretizar?
Que haverá uma próxima grande geração da internet, não há dúvidas. Só não sabemos quando e se ela se encaixará no nosso atual modelo de Web 3.0.
Afinal, a história da web pode ser dividida de diferentes maneiras. Muitos acreditam que sua evolução é muito mais nuançada do que podem descrever simples números de versões.
Empresas de capital de risco vendem a ideia de que a próxima geração será um coletivo global diversificado de indivíduos. Com todos unidos num espaço virtual que permite que cada um seja seu próprio “Jeff Bezos” ou “Mark Zuckerberg”. Mas isso é bastante improvável.
Ainda mais pois é difícil imaginar que os atuais “monarcas” da rede (Google, Facebook, Twitter, etc.) simplesmente aceitariam uma mudança que acabasse totalmente com seu reinado. Mas a internet certamente continuará a se transformar com o tempo.
Porém, uma mudança radical que dê razão para uma denominação diferente ainda está longe de acontecer. E mesmo nessa eventualidade, ela provavelmente será demorada e muito diferente do que o quer que tenhamos em mente agora.
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