Entenda o que é robô e o que é robótica

No primeiro artigo que escrevi aqui falei sobre VANTs e suas características e citei que o VANT é um tipo de robô móvel, um robô aéreo. Robô? Como assim? Alguém pode ter se perguntado. Mas você sabe o que é um robô? Se sua resposta for não ou se você pensa que robôs são todos iguais àqueles dos filmes, então você precisa ler esse artigo! Tudo bem, se sua resposta for sim você também deve ler esse artigo.

A palavra robô deriva do substantivo tcheco “robota” que significa trabalho. Conforme Zunt (2002), o termo apareceu pela primeira vez na peça Rossum’s Universal Robots (RUR), de Karel Čapek, publicada em 1920, um clássico que retratou a criação de robôs para substituírem os homens nos trabalhos pesados e insalubres, portanto seria essa a função de um robô. A partir daí o robô começou a ser estudado mais profundamente. Com o passar dos anos o termo ainda se faz presente na mentalidade humana, tanto que, como mostram Siciliano et al. (2009), Isaac Asimov definiu as três leis da robótica:

• A primeira lei diz que um robô não pode maltratar um ser humano ou pela sua passividade deixar que um ser humano seja maltratado.
• A segunda lei estabelece que um robô deve obedecer às ordens dadas por um ser humano desde que essas não estejam em conflito com a primeira.
• A terceira lei afirma que um robô deve proteger a sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.

Tais leis estabelecem regras de comportamento que devem ser consideradas como especificações para o projeto de robô que, desde então, tem alcançado a conotação de um produto industrial projetado por engenheiros ou técnicos especializados. Estas leis para serem implementadas demandam bastante desenvolvimento tecnológico que a tecnologia disponível pode ainda não ser capaz de fornecer.

Já a palavra robótica é utilizada para indicar a disciplina associada ao uso e programação de robôs, enquanto que para a construção de robôs e seus dispositivos utiliza-se a expressão engenharia robótica. De acordo com Santos (2004), para que um sistema automático seja considerado um robô, além de programável, ele deve ser capaz de se adaptar ao problema prático. Desse modo, há diferentes tipos de robôs, atuando a partir do princípio programável e adaptável, por exemplo, na domótica, uma área da robótica ligada à automação residencial, tem-se: aspirador de pó, máquina de lavar, cafeteira, dentre outros. Com a robótica industrial pode-se automatizar manipuladores, guinchos, plataformas e outros. Com a robótica avançada é possível explorar ambientes indoor e outdoor e até mesmo o espaço, com robôs móveis como rover e drones/VANTs.

Sem exceção, todos os robôs possuem como componentes um conjunto de sensores para obter dados do estado interno do próprio sistema mecânico e/ou dados do estado externo do ambiente no qual o robô está inserido. Possuem também um sistema de controle para comandar a execução das ações planejadas em relação aos objetivos do robô. E, por fim, possuem um conjunto de atuadores que permitem realizar as ações no ambiente, atuando como elementos finais do sistema de controle, respondendo aos comandos recebidos.

Na área educacional há diversos kits de robótica para desenvolver didaticamente vários tipos de robôs para atuar em diferentes circunstâncias. Placas como Arduino, ESP8266 e Raspberry Pi (sobre as quais escreverei futuramente), por exemplo, são comumente utilizadas em projetos de automação residencial. Isto é, ao programar uma dessas placas o que se faz é preparar um sistema robótico para realizar um trabalho autônomo. Não obstante, May (2009) mostra que a robótica é o estudo de robôs e os robôs são máquinas que podem ser usadas para fazer trabalhos, sendo que alguns robôs podem fazer o trabalho de forma autônoma e outros devem ter sempre uma pessoa dizendo-lhes o que fazer.

Por fim, a ficção científica, com sua alta tecnologia exerce grande influência no imaginário das pessoas exibindo super robôs em seus vários filmes. Geralmente esses robôs são humanoides, dotados de inteligência e podem executar diversas tarefas como pensar, falar, caminhar, ver, ouvir e até matar. Na realidade, existem na literatura estudos como os de Finke et al. (2011) e Kose, Yorganci e Itauma (2011) que visam dar assistência para determinadas pessoas, o que não deixa de ser uma verdade do que outrora fora ficção. E quando emprega-se nesses robôs técnicas de inteligência artificial o potencial de aplicação tende a ser grande. Sendo a robótica mais ampla que os conceitos abordados até aqui, ela possui diversos campos de atuação dentro de suas subáreas principais: robótica avançada e robótica industrial. Por isso, no próximo artigo falarei sobre essas áreas da robótica mostrando como os robôs são classificados. Até lá!

Autor: Elias Gonçalves.

REFERÊNCIAS

FINKE, A., KNOBLAUCH, A., KOESLING, H., RITTER, H. A hybrid brain interface for a humanoid robot assistant. In Engineering in Medicine and Biology Society, EMBC, 2011 Annual International Conference of the IEEE, pages 7421–7424. IEEE. 2011.

KOSE, H., YORGANCI, R., ITAUMA, I. I. Humanoid robot assisted interactive sign language tutoring game. In Robotics and Biomimetics (ROBIO), 2011 IEEE International Conference on, pages 2247–2248. IEEE. 2011.

MAY, S. What is robotics?. Nasa National Aeronautics and Space Administration website. 2009. Disponível em: https://www.nasa.gov/audience/forstudents/5-8/features/nasa-knows/what_is_robotics_58.html. Acesso em: 28 jul. 2020.

SANTOS, V. M. Robótica industrial. Departamento de Engenharia Mecânica. 2004. Disponível em: http://www.ece.ufrgs.br/~rventura/RoboticaIndustrial.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.

SICILIANO, B., SCIAVICCO, L., VILLANI, L., ORIOLO, G. Robotics: modelling, planning and control. Springer Science & Business Media. 2009.

ZUNT, D. Who did actually invent the word “robot” and what does it mean?. The Karel Čapek website. 2002. Disponível em: https://web.archive.org/web/20120204135259/http://capek.misto.cz/english/robot.html. Acesso em: 28 jul. 2020.